sábado, 15 de outubro de 2016

Desabafos a bordo do voo AA739 da American Airlines (07 Out 2016)

Hoje fui ler o que escrevi a bordo de um avião, a caminho do meu futuro.
E... Surpreendi-me...
Decidi deixar aqui o que escrevi, ate porque tambem tem a ver com o futuro do menino mais doce do meu mundo: O Tesourinho

"O primeiro dia do resto da minha vida
Hoje, véspera do meu quadragésimo quinto aniversário estou num avião, completamente sozinha, a caminho do resto da minha vida.
É assustador? Sim é!
Mas era mais assustador sentir que estava a deixar a vida passar sem realmente viver.
Devo isto a mim e ao meu maior Tesouro. O meu filho!
Porque nós merecemos mais do que apenas passar por este mundo.
Porque nós merecemos mais do que sermos mais um número no meio da multidão que apenas se limita a existir.
Porque nós merecemos ser felizes!
Porquê agora?
Porque eu estava quase a perder a coragem.
Porque se continuasse à espera do momento certo talvez não tivesse coragem para o aproveitar.
Porque tinha de perceber se sou capaz.
Porque tinha de “fugir” da prisão em que eu me estava a fechar.
Porque, acima de tudo estava apenas a existir e tinha começado a deixar de viver.
Estar sozinha neste avião ...
Ao meu lado está um casal septuagenário de Filadélfia. Ela em tempos foi professora de crianças de 12 anos. Ele não sei...
Falámos! Sim... Ela meteu conversa comigo e ainda conversámos um bocado.
Falámos do Bruno (o meu tema preferido de conversa). Falámos do que Portugal tem para lhe oferecer e de como as coisas funcionam nos EUA.
Uma realidade tão diferente com tanto mais para oferecer...
Ela perguntou porque não imigro e trago o Bruno (como se fosse tarefa fácil... Como se não fosse isso o que mais desejo neste momento)
De uma coisa hoje tenho certeza: a minha felicidade e do meu filho só dependem de mim. Só a mim cabe lutar por um futuro melhor.
E isso é o que estou a fazer.
Sim! Também estou a fugir de uma família que tantos desgostos me tem dado ao longo dos anos e a quem sempre baixei a cabeça e jamais tive coragem de fazer frente. Uma família que sempre me fez sentir que eu não era suficientemente boa para “pertencer”.
De certeza que, mais uma vez vão criticar. Mais uma vez vão dizer que sou egotista e que só penso em mim. Pois... Que pensem assim... Já não quero saber.
A vida é demasiado curta. E a minha vida estava estagnada, presa num mar de desalento onde eu me estava a deixar afogar.
De outra coisa tenho a certeza: vou dar o melhor de mim. Vou ser feliz e fazer do meu filho um menino muito feliz!
Não acredito em arrependimentos. Na vida tudo acontece por uma razão. Veremos... Veremos o que o futuro nos reserva.
Estranhamente, ainda não verti uma lágrima. Despedi-me do meu filho no aeroporto e consegui conter as lágrimas que, teimosamente, queriam rolar pela minha face. Depois tive de agir e procurar chegar à porta de embarque. Não tive sequer tempo para pensar muito.
Entrei no avião... procurei o meu lugar... tomei o meu assento... a vontade de chorar chegou... mesmo assim, não permiti que as lágrimas rolassem pela minha face.
Não me quero permitir a tristezas. Sou uma lutadora, e irei sempre lutar pelo que for melhor para mim e para o meu doce de chocolate."

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